Segundo dados do G1, Triângulo Mineiro, a Câmara de Vereadores de Uberlândia poderá alterar, conforme proposta do vereador do PSDB, David Thomaz, um dos Feriados mais queridos da Fé Católica e da Piedade Popular: o Corpus Christi.
A Festa do Corpus Christi, que une diversas expressões da Povo Simples, como as Irmandades dos Negros de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, surgiu no séc. XIII, na Diocese de Liège, na Bélgica, por iniciativa da freira Juliana de Mont Cornillon que recebia visões nas quais o próprio Jesus lhe pedia uma festa litúrgica anual em honra da Sagrada Eucaristia.
O Corpus Christi é uma Festa Universal. Em 1317, o Papa João XXII publicou na Constituição Clementina o dever de se levar a Eucaristia em procissão pelas vias públicas. A partir da oficialização, a Festa de Corpus Christi passou a ser celebrada todos os anos na primeira quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade.
Desconhecendo essa profunda unidade da Fé Católica no seio da Comunidade Negra, das Irmandades do Santíssimo Sacramento dos Negros, dos Congados com expressão singular no Triângulo Mineiro com profunda devoção a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, sobretudo na cidade de Uberlândia, o vereador do PSDB, David Thomaz, propôs que esta Festa do Povo e para o Povo, que anualmente sai às ruas proclamando publicamente sua Fé e sua Esperança no Cristo presente na Hóstia Consagrada, seja tornado facultativo, o que dificultaria enormemente a preparação e participação dos Fiéis nas Celebrações da Solenidade de Corpus Christi.
Sem falar que neste ano, no próximo dia 26, Solenidade de Corpus Christi, a Diocese de Uberlândia celebrará solenemente na Praça do Santuário Diocesano de Nossa Senhora Aparecida, a partir das 15h, o Jubileu das Famílias, dentro das comemorações do Jubileu da Misericórdia, convocado pelo papa Francisco.
Tal proposta causou-nos ainda maior estranheza, pois parece opor Corpus Christi e toda a Tradição Negra presente no seio da Igreja Católica desde os primeiros anos do Cristianismo: São Paulo, Santo Agostinho, Santa Bakhita, Santa Zita, São Benedito, São Martinho de Lima, Santo Antônio de Categeró, São Martinho de Portiers, Santa Efigênia, Inhá Chica, e a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, entre outros.
Ao tomarmos conhecimento da votação ocorrida na manhã de hoje, 05, com aprovação de 12 votos favoráveis e seis abstenções, os nossos corações se encheram de pesar e espanto.
A nossa tristeza se soma ao fato de que esta Procissão é a mais importante de todas que acontecem durante o ano, pois é a única onde o próprio Senhor sai às ruas para abençoar as pessoas, as famílias e a cidade. Em muitos lugares criou-se o belo costume de enfeitar as casas com oratórios e flores e as ruas com tapetes ornamentados, tudo em honra do Senhor que vem visitar o seu povo.
Desde então, começaram assim as grandes procissões eucarísticas, as adorações solenes, a Bênção com o Santíssimo no ostensório por entre cânticos. Surgiram também os Congressos Eucarísticos, as Quarenta Horas de Adoração e inúmeras outras homenagens a Jesus na Eucaristia.
O zelo pelo augusto sacramento eucarístico faz parte da história dos cristãos. Desde a sua origem, os católicos procuraram render glórias ao Criador por meio do culto à Eucaristia, chegando, em alguns casos, até mesmo às vias do martírio. ” Sine eucharistia non possumus” – sem a eucaristia, não podemos viver.
Em sua encíclica sobre a Eucaristia, São João Paulo II assim se expressou:
“Dando à Eucaristia todo o realce que merece e procurando com todo o cuidado não atenuar nenhuma das suas dimensões ou exigências, damos provas de estar verdadeiramente conscientes da grandeza deste dom. A isto nos convida uma tradição ininterrupta desde os primeiros séculos, que mostra a comunidade cristã vigilante na defesa deste « tesouro ». Movida pelo amor, a Igreja preocupa-se em transmitir às sucessivas gerações cristãs a fé e a doutrina sobre o mistério eucarístico, sem perder qualquer fragmento”. (n. 61. ECCLESIA DE EUCHARISTIA).
Fazemos votos de que nossos nobres representantes da “casa do povo”, sobretudo os ditos cristãos católicos, levem em consideração os mais de 330.564 fiéis católicos [CENSO/2010] presentes só nesta cidade-sede de nossa amada Diocese e que trabalham e lutam para que ela seja cada vez mais próspera e um lugar digno para se viver.
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Pe. Claudemar Silva
Assessor de Comunicação da Diocese de Uberlândia-MG.