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Channel: Portal ELODAFE – Diocese de Uberlândia/MG
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“Mataram mais um irmão… Mas ele ressuscitará!”

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O nível de criminalidade em Uberlândia é alarmante. Cheguei aqui em 2001 e pouco se ouvia falar de crimes contra a vida. Hoje, os dados assustam: só no primeiro trimestre desse ano foram mortas 31 pessoas. Embora em 2015 a cidade tenha registrado uma redução de 13,66% no índice de crimes violentos em comparação ao ano anterior, o índice geral de Minas Gerais apresentou um aumento de 18,10% na estatística, segundo dados do Jornal Correio de 29 de dezembro de 2015.

Os motivos são diversos: latrocínio, passional, vingança, drogas, etc. Mas nada se compara à dor e ao sofrimento que tais ações trazem para o seio familiar: pais destroçados pela dor inominável da perda de um filho, filhos tornado órfãos muitos deles ainda na primeira infância; jovens viúvas deixadas sem o consolo da presença paterna no cuidado e educação de seus filhos e um sem fim de outros males.

Não é preciso ser sociólogo para compreender que nossa sociedade está doente. A dor dos parentes soma-se às constantes impunidades: os crimes nem sempre são solucionados e os processos arrastam-se por anos, isso quando encontram os culpados. E das vítimas, os jovens são a grande maioria: sonhos interrompidos, projetos e planos de uma vida feliz e longa desfeitos. Diante de um cenário como esse, uma única palavra é capaz de resumir o que vivemos: tragédia!

Porém, não podemos perder o senso de justiça e a esperança num mundo transfigurado: onde o amor vença o ódio e a paz vença a guerra. É preciso coragem para continuar vivendo, apesar de tudo. O anúncio cristão do valor e da promoção da vida é, ao mesmo tempo, uma grande denúncia: o crime hediondo de homicídio, seja pelo motivo que for, avilta não apenas a dignidade da pessoa humana – seu direito inalienável de ir e vir e de ter sua vida preservada -, mas atinge em cheio a santidade de Deus: “Da terra, o sangue do teu irmão clama a mim” (Gn 4,10).

O assassinato, além de ser um crime ignominioso, é um pecado terrível. Um assassino perde sua comunhão com Deus e sua alma se perde no labirinto insolúvel da maldição. É preciso pôr um fim à ciranda de morte e de terror que assola o mundo. Sem a égide da fraternidade e da concórdia entre os seres humanos, nossa sociedade caminhará para o seu fim: sua implosão total.

Afinal, vivemos todos em uma casa comum: o planeta terra. “Não se deve acreditar no direito de matar. É preciso admitir que se mata por necessidade, mas é preciso não julgarmos que se trata de um direito. Porque, se admitimos este conceito, está tudo corrompido. […] Nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo. Cada homem é parte de um continente, parte do todo. […] A morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade. E, por isso, não te perguntes por quem os sinos dobram. Os sinos dobram por ti”. (Ernest Hemingway).

Portanto, que não cessem os nossos clamores por justiça e pela devida punição dos culpados. Que as autoridades competentes cumpram com diligência sua função altaneira de zelarem pela ordem social e pela vida digna dos seus concidadãos e que nossos políticos sejam homens ocupados e pré-ocupados em servirem com dignidade àqueles que confiaram em suas responsabilidades de legislar e executar as leis, administrando com zelo os interesses públicos.

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Por, Pe. Claudemar Silva

www.padreclaudemarsilva.com
Fanpage: Pe. Claudemar Silva

Dica de Comunicação e de Bom-Senso

Vivemos tempos de “bizarrice mórbida” e de mau gosto “galopante” – não sei bem que nome se dá a isso. Talvez os psicólogos pudessem nos ajudar.

Em tempos de Internet e de compartilhamentos de informações fáceis, prolifera-se tudo: o belo e o feio, o harmônico e o caos, a felicidade e a tristeza, e um sem fim de experiências humanas. Não se faz mais uso da fidalguia nem tampouco do pudor.

Porém, é preciso que se diga: há coisas que não se publicam, não se expõem: fotos de uma região cirurgiada, vídeos íntimos – aliás, isso nem deveria ser feito -, imagens de violência urbana, vídeos de assassinatos e outras tantas inventividades humanas. Afinal, eu e o outro temos o direito sagrado de “não ver tudo e não saber de tudo”. Embora haja “especialistas” modernos nesses quesitos de horror: sites e programas “ditos” jornalísticos.

Portanto, antes de encaminhar tais coisas ou coisas semelhantes a terceiros, é bom recordar: é de “gente” que estamos falando. Por detrás de toda imagem estática ou em movimento existem outras faces condoídas e transpassadas pela dor: de pais, de filhos, de amigos, de irmãos.

E acredite: será sempre possível optar: em sermos vetores de vida e do belo, ou da morte e do terror. Eu, de minha parte, prefiro não receber tais “mensagens”. Não as envie, por favor, pois, do contrário, terei que “excluir” você.

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Pe. Claudemar Silva
Assessor de Comunicação da Diocese de Uberlândia-MG


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