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Channel: Portal ELODAFE – Diocese de Uberlândia/MG
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Padre Claudemar Silva: três anos à frente do CCD – Entrevista –

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O ELODAFE, Portal Oficial da Diocese de Uberlândia, entrevistou nessa terça-feira o diretor do CCD – Centro de Comunicação Diocesano, Pe. Claudemar Silva, por ocasião dos três anos em que ele está à frente do departamento. Numa entrevista longa, mas franca, Pe. Claudemar comenta os inícios de sua chegada, as muitas pessoas que colaboraram para a manutenção e desenvolvimento do CCD e faz referência a antigos colaboradores e termina por ressaltar o papel indiscutível e importantíssimo das PASCOMS – Pastoral da Comunicação -. Confira!

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Por, Melissa Ribeiro – Assessora do CCD.

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ELODAFE: Pe. Claudemar Silva, como se deu o chamado para ser diretor do CCD?

Pe. Claudemar Silva: Eu era diácono transitório. Tinha sido ordenado em abril daquele ano [2013], no dia 27, mais precisamente, e o senhor bispo [Dom Paulo Francisco Machado] chamou-me à sala dele e me apresentou as demandas da comunicação no contexto diocesano. Naquele passado remoto, eu, diácono recém-ordenado, tive como primeira reação o medo. Aliás, é uma coisa que preciso confessar: eu tenho medo de quase tudo. O medo é minha companhia constante. Porém, aprendi a conviver com ele. Aquela insegurança e dúvida costumeiras: eu não vou conseguir. Porém, já se passaram 3 anos. Já podemos contar uma história.

ELODAFE: Quais foram os principais desafios do início?

Pe. CL: Revitalizar o Portal foi, sem dúvida nenhuma, minha maior preocupação. Quando eu cheguei, o Portal não “existia”, isto é, não era atualizado diariamente. Estava parado. Talvez uma nota ou outra da secretaria da cúria diocesana, mas sem mais elaborações. Lembro-me bem desse tempo. Alguém da área precisava realmente assumir o Portal. O CCD nasceu, como sabemos, em 2012 de um grande esforço de muitas pessoas. Graças ao empenho do vigário geral, Pe. Marcello Augello, do Ismael Carvalho, do Gilson Rocha, da mídia católica, do Paulinho da agência Fórmula P e de tantos outros profissionais. Naquela época, eu estava em Belo Horizonte cursando Teologia. Acompanhei de longe. Infelizmente, a adesão esperada por parte dos agentes paroquiais e outras instâncias não aconteceu. Falava-se de uma “rede de comunicadores”, mas que não sei se chegou a ocorrer de fato. Porém, entendo com tranquilidade esse processo, afinal, comunicação é algo extremamente exigente e é preciso muito amor à causa e uma sincera vocação para trabalhar na área. Por exemplo: um texto, ao ser publicado, já é “matéria morta”. Você tem que pensar no que vai escrever depois. Comparo com a feitura de uma refeição: dá um trabalho danado até ficar pronta, mas é consumida em questão de minutos. Assim é o trabalho de um escritor, jornalista, redator, por exemplo: compor um texto é algo trabalhoso, mas ao ser publicado sua vida útil é fugaz. Por isso a comunicação sempre pede algo mais; algo novo. É altamente desafiante. E sem falar que a gente se expõe o tempo todo.

ELODAFE: O Portal ganhou recentemente uma “nova cara”. Que outras mudanças ocorreram ao longo desses três anos?

Pe. CL: Durante o tempo em que estou à frente do CCD esta foi a segunda alteração do layout. Lembro-me que assim que cheguei o Gilson [da mídia católia] me disse: “o portal precisa de uma outra cara. Já estamos há um ano com esse modelo e ele está defasado”. Então apresentou-me uma outra proposta e nós aceitamos. Foi alterado. O site ganhou em disposição mais simples das matérias e ficou mais clean. Depois, o grande esforço foi publicar ao menos uma matéria nova por dia. Porque em se tratando de site, se não há novidade, o leitor não volta mais. Poderíamos perder em “audiência”. Mas como publicar matérias diárias? Eu esbarrava num complicador: não tínhamos pessoal nem instrumentos para captação de matérias. Desde o início eu contei com uma assessora. A primeira foi a Gislaine. Ela ficou comigo alguns meses. Era extremamente competente, mas precisou sair. Depois, veio a Maria Emília, do setor juventude, estudante de jornalismo da UFU. Ficou conosco por um ano. Foi alçar novos voos. Após ela, veio o Geraldo Henrique, estudante de Relações Internacionais, também da UFU. Saiu para fazer intercâmbio em Portugal. E, por fim, está conosco a estudante de jornalismo na ESAMC e também agente do Setor Juventude, a Melissa Ribeiro. Graças a Deus eu nunca estive sozinho. Porém, o desafio da “matéria nova” persistia.

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ELODAFE: E como foi resolvido?

Pe. CL: Através das PASCOMs [Pastoral da Comunicação]. Assim que assumi o CCD, passei a enviar mensalmente para as Paróquias e para o clero da Diocese um editorial. Nele, eu colocava os principais eventos do mês e fazia uma breve reflexão de algum tema consonante àquele mês. Mas não funcionou. Eu esperava que as secretárias paroquiais e o clero me reportassem as noticias de suas áreas de atuação. Mas, eu estava querendo “tirar água da pedra”. A função de um comunicador é algo que diz de sua vocação. E, apesar de sermos todos comunicadores, a feitura da notícia jornalística pede algo mais: é preciso ter a técnica. Então a notícia não vinha, ou, quando vinha chegava incompleta ou atrasada. Aos poucos fomos convencendo alguns agentes paroquiais da importância de se dedicarem exclusivamente à PASCOM. Depois, em algumas Paróquias já havia alguns que se dedicavam à área. Então fomos fazendo parceria. Hoje, graças a Deus, há um número considerável de agentes que nos ajudam.

ELODAFE: Então a salvação foram as PASCOMs?

Pe. CL: A salvação foi a PASCOM. E será sempre. São eles, os agentes, que estão nas Paróquias, nas pastorais e nos movimentos que têm condições de nos auxiliar. Pe. Willians Soares, reitor da Teologia me disse essa semana: “Eu avalio como muito positivo o trabalho do CCD. Competência, seriedade, inovação e pontualidade. Porém, o que mais sinto falta para a Diocese é uma articulação da PASCOM Diocesana nas Paróquias“. E ele tem razão. E nem precisam ser muitos agentes. Basta alguém sensível à realidade da comunicação; um bom celular e pronto: enviam as fotos (dos eventos realizados), o cartaz da festa do padroeiro ou um mini texto sobre um encontro ou formação que tenha sido realizado e nós o tornaremos jornalístico. É algo relativamente simples. É trabalhoso, confesso, mas muito recompensador. Afinal, é a vida da Paróquia que estará sendo divulgada para toda a Diocese. Hoje contamos com algumas PASCOMs muito bem estruturadas. É o caso da PASCOM da Bom Jesus, em Uberlândia, da PASCOM da São Judas Tadeu, de Uberlândia, da Paróquia Santo Antônio do Morumbi, a da Catedral, a da Paróquia Nossa Senhora da Abadia de Tupaciguara, entre outras. Sem falar que há muitos movimentos que nos ajudam enviando suas matérias, como é o caso da Pastoral da Saúde (PS) e da Pastoral Familiar (PF). A Fabiana Britto, vice-coordenadora da PS, e Maria do Rosário, da PF, são parceiras constantes.

ELODAFE: Algumas frustrações?

Pe. CL: Quem não as tem? Algumas a ética e a caridade me impedem de dizer. Guardo silêncio. Deus sabe das intenções do meu coração. Gostaria, sinceramente, de fazer muito mais, mas minhas contingências e outras alheias me impossibilitam. Sei que já fazemos um bom trabalho. Reconheço. E não é demagogia. Aliás, humildade é precisamente isso: reconhecer a verdade. E isso é verdade. Conheço realidades de outras Dioceses e sei que a nossa, em matéria de comunicação, não está de todo ruim. Porém, há muito a ser conquistado. Agradeço muito àqueles que acreditaram em mim. Quanto carinho do Diácono Everaldo. Às vezes em que precisei dele, do economato, ele me dizia com a fidalguia que lhe é própria e com o respeito reverente que ele tem pelos padres: “eu vou ajudar o senhor, padre”. Essas coisas a gente não esquece jamais. Educação e respeito a gente conserva no fundo do coração. Mas tenho algumas angústias, claro, porém a maturidade requer também isso: saber lidar com as frustrações. Por exemplo: um projeto que foi a “menina dos meus olhos” não vingou, como se diz no interior das Minas Gerais: o projeto “Colunista”. Ele tinha como intuito trazer reflexões filosófico, teológica e pastorais para o leitor do Portal. Convidei alguns agentes, mas poucos aceitaram. E desses, só dois ficaram. Eu entendo que escrever é algo terrível, como dizia Clarice Lispector; “algo muito perigoso”. As pessoas têm medo, receio de serem julgadas, sem falar que o ato de escrever nos expõe muito. Eu também tenho esse medo, mas vou fazer o quê? Ainda que seja algo que me dê muito prazer, é como cortar na própria carne. Quantas vezes cheguei da faculdade, à noite, e tive que escrever um texto para ser publicado na manhã seguinte. Não foram poucas vezes. E tive que tratar de temas espinhosos…

ELODAFE: Muitas críticas?

Pe. CL: Sempre. E isso é bom. Eu não fujo do conflito. Não gosto de polêmicas, mas não fujo do conflito. E comunicar é administrar conflitos, como é gerenciar, conviver. Alguns assuntos tratei à luz da Palavra de Deus, outros à luz do factual. Sou padre, e não me ausento desta minha condição em nenhum momento. Não sou jornalista, nem RP (Relações Públicas) ou diretor antes de ser padre. Sou primeiro padre. Só depois posso ser isso e aquilo. Ao longo desses três anos me expus muito. Falei de temas agradáveis que suavizaram o “ego espiritual” de alguns, mas abordei temas indigestos, que quase sempre não queremos tocar, nem ouvir. Em sua grande maioria os comentários são positivos, mas não faltam os agressivos, os sem caridade e até os de baixo calão. Nunca os assumi como algo pessoal. Grande parte das pessoas que os faz não me conhece pessoalmente. Um dos que mais geraram comentários ofensivos foi o “nem toda consagração agrada a Deus”. E o que mais me surpreendeu foi a carta aberta que dirigi ao Pe. Fabiano Gonzaga. Só no Portal tivemos mais de 90 mil acessos. Depois, uma critica muito positiva que tivemos foi acerca do Jubileu das Famílias no Corpus Christi desse ano. Aquele foi um momento para “lavar a alma”. Que beleza de resposta dos fiéis católicos! Ainda hoje eu me emociono com o resultado positivo que tivemos. Houve críticas, claro, e eu mesmo as faço. Mas quero, nesse sentido, agradecer. Amanhã melhoraremos, mas hoje quero agradecer especialmente aos agentes das PASCOMs Paroquiais que contribuíram enormemente para o bom êxito do evento.

ELODAFE: Pe. Claudemar, quais são os projetos do CCD e para onde ele caminha?

Pe. CL: Olha, projetos não nos faltam. Temos proposta de uma sala de imprensa, queremos ampliar a “TV ELODAFE” [uma parceria incrível com a VERTICAL FILMES], melhorar o programa ELODAFE [aos sábados, das 11 às 12h pela Rádio América, nossa parceira], entre outros. Recentemente, entramos na PASCOM Provincial que engloba as dioceses da Província (Uberaba, Uberlândia, Patos de Minas e Ituiutaba). Era necessário um representante de cada Diocese. No início havia apenas representantes do clero. Eu participei da primeira reunião. Mas ali eu entendi que eu não precisava estar à frente de mais uma área de atuação. Poderia confiar a outros. E foi o que eu fiz. Há muito que falamos do protagonismo do leigo. Então chamei dois leigos, Melissa Ribeiro (Assessora do CCD) e José Ricardo (PASCOM São Judas Tadeu), depois de me orientar com o bispo diocesano, e confiei a eles o cuidado dessa nova frente de missão do CCD. A bem da verdade essa já era uma das atribuições do Centro de Comunicação desde a sua gênese: implantar e acompanhar as PASCOMs. É algo maravilhoso e tão evangélico isso: irmãos se ajudando e se responsabilizando uns pelos outros. Ninguém, na Igreja, pode fazer seja o que for de forma isolada. Somos um corpo. As PASCOMs Paroquiais podem e devem compreender isso: somos membros de um corpo: a Diocese. Estamos para colaborar com a Igreja Diocesana. Não existimos para nós mesmos. Afinal, toda Paróquia, toda Pastoral e todo Movimento que preze a eclesialidade tem isso como convicção: somos para a Igreja. O contrário não se sustenta. Não é sendo PASCOM ou grupo, pastoral ou movimento fechado em si mesmo que iremos fazer a vontade de Deus: “ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 16). Isso seria uma traição ao Evangelho. Vejo muito isso pelos lugares onde vou: agentes e movimentos e pastorais acéfalos (sem cabeça). Podem sobreviver? Impossível. O fim será a “morte”.

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ELODAFE: Em que medida isso ocorre na Comunicação?

Pe. CL: Por exemplo: outro dia uma coordenadora do canto litúrgico me disse: “padre, pedi à equipe x para cantar na missa das 19h. Mas os integrantes recusaram porque aqui não se pode cantar o que quiser”. Fiquei chocado. Muitos agentes do Canto Litúrgico não se perguntam pela Liturgia. Querem cantar o que quiserem e na hora que quiserem. Não são atentos às normas e prescrições da Liturgia. Ora, isso é Comunicação. E está havendo um ruído sério aí. A PASCOM deve se ocupar também disso. Instruir, refletir, conscientizar, esclarecer para gerar comunhão e participação. Se nos sentirmos alheios ao corpo, vamos gradativamente nos tornar ressequidos espiritualmente. Sem o mínimo de respeito pela Liturgia iremos fazer “show”, bizarrices e barulho nas missas. E em muitos lugares é isso que está ocorrendo. Ou, ainda, leitores despreparados: lidam com o texto bíblico como se lidassem com uma receita de bolo do “mais você” da Ana Maria Braga, com todo respeito e admiração que tenho pela apresentadora. Isso é também comunicação: preparar bem os nossos Leitores. Em algumas Paróquias insistem em rezar as preces da “mesa do comentarista”. Eu sempre me pergunto: o que está acontecendo? Será falta de conhecimento ou de respeito às normas prescritas? Todo mundo já sabe: aquela mesa do comentarista “não existe na liturgia”, e que as preces são a Palavra de Deus que foi lida e comentada e agora será rezada. Logo, o lugar delas é necessariamente o ambão. Tudo isso, repito, é matéria de trabalho dos Comunicadores PASCOM.

ELODAFE: O CCD tem todas essas atribuições?

Pe. CL: E mais um pouco (risos). É que somos pouco e o trabalho é muito. Este ano, em novembro, teremos a segunda edição do Curso de Comunicação para Leitores e Animadores. No ano passado foram 130 inscritos. Foram seis sábados maravilhosos: de estudo, de reflexão, de tomada de consciência. A coisa andou. Este ano espero que o sucesso se repita. No primeiro semestre fui a três Paróquias para dar palestras e convidar os agentes para esse curso: Paróquia Nossa Senhora do Caminho, em Uberlândia, e as Paróquias Nossa Senhora do Rosário e São Judas Tadeu de Araguari. Estive ainda em Uberaba para ministrar uma tarde de formação. As demandas são muitas.

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ELODAFE: Pe. Claudemar, para encerrar essa entrevista, qual a mensagem o senhor gostaria de deixar para os agentes das PASCOMs Paroquiais?

Pe. CL: Venham ser Igreja conosco. NÃO ACREDITEM no isolamento nem em suas próprias forças. Ninguém é forte sozinho. Somos melhores porque estamos juntos. Eu sempre me emociono quando vejo um empenho sincero em contribuir com a Igreja em âmbito diocesano. O Jubileu das Famílias foi um exemplo disso. Quanto empenho de todos. Foi lindo! Semanalmente recebemos e-mails, mensagens por whats dos agentes que nos enviam das agendas das Paróquias em que trabalham para que possamos veicular. São empenhados. Muitos deles com técnicas ainda insuficientes, mas com grande generosidade. Há PASCOMs bem estruturadas e que compreenderem que não vivem para si mesmas. Elas reverberam as notícias da Diocese, do que publicamos no Portal e na Fanpage do ELODAFE. São parceiras. Elas não querem caminhar sozinhas. Entenderam que o anúncio não é competição, mas colaboração. Estão somando. Já tivemos dois encontros e agora vamos ter o Retiro em Uberaba. Irão representantes de muitas das PASCOM da Diocese. Isso é ser Igreja. Isso é participar. Então eu só posso dizer duas palavras: obrigado e continuem. Obrigado pela parceria e pelo testemunho de comunhão e unidade entre nós. E continuem porque estamos só no início. Hoje é conosco. Amanhã, só Deus sabe.

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Padre Claudemar Silva é Graduando no curso de Relações Públicas pela ESAMC – Uberlândia, Pós-graduado em Comunicação (mídias eletrônicas: rádio e tv) pelo Centro Universitário de Belo Horizonte-MG, com Especialização em Locução pelo Beth Seixas Comunicação, Bacharel em Teologia pela FAJE (Faculdade Jesuita de Filosofia e Teologia) e Bacharel em Filosofia pela PUC- Uberlândia. É Assessor de Comunicação da Diocese de Uberlândia e Diretor do Centro de Comunicação Diocesano (CCD).


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