Jovens lotando ônibus, ruas, vilas polonesas, cidades dos arredores e a própria cidade de Cracóvia. Erguendo bandeiras de diversos lugares, cantando seus hinos, gritando sua identidades…
E de repente todos esses jovens, de todas as partes do mundo, as mais improváveis inclusive, começaram a se encontrar, a tentar uma comunicação impossível entre si, não fosse o clima de confraternização universal, o desejo explícito de encontro, de acolhida do diferente.
E como se não bastasse, essa juventude parou, fez silêncio, um silêncio invejável para muitas igrejas, a fim de escutar um senhor idoso: o papa Francisco. Falando sobre a importância de lutar pela liberdade e pelos sonhos de Deus, aquele Senhor notório aconselhou a evitar o comodismo, a preocupação apenas com os próprios interesses.
Aconselhou a evitar a aposentadoria fora de hora. Incitou os jovens a não permitirem que suas consciências fossem amortecidas, que os jovens reconhecessem o próprio valor, que não houvesse entre eles uma vergonha paralisante, que deixassem Jesus entrar na casa de seus corações. Convidou, finamente, à misericórdia de Deus que nos ama primeiro. À mudar o mundo com misericórdia.
Os diversos países se agrupavam ao redor de rádios, para ouvir as traduções respectivas, para entender a mensagem de Francisco. O papa não quis falar apenas aos muitos jovens ali reunidos; quis atingir a todos, tocar a todos…
Para os que estiveram em Cracóvia, porém, houve sol forte, houve caminhada longa, houve uma noite inteira comprimida em sacos de dormir… Houve quem não tenha dormido. Filas extenuantes, rodas de música, trocas de lembrancinhas entre nações, conversas matinais… Chuva no final. E a experiência marcou muita gente.
Como não dizer da acolhida polonesa. Isso mesmo! A todos que esperavam uma frieza polaca tão rigorosa quanto o inverno que os assola, encontraram uma acolhida carinhosa, respeito e ações que transpareciam o rosto misericordioso de Deus. Estrangeiros, uns para os outros; irmãos, de repente; amigos, quem sabe…
Deus queira que a Jornada Mundial da Juventude 2016 suscite novos frutos para a juventude do mundo inteiro. Há quem critique tais eventos de massa, e eles realmente são criticáveis, sob diversos aspectos. Vale entretanto, sonhar que a Palavra de Deus anunciada por aquele Senhor, o Francisco de hoje, plantada no coração dos jovens, não volte a Deus sem produzir aquilo que quer.
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Por, Pe. Eduardo César